FLERTANDO COM O INIMIGO – HITLER

A falsa neutralidade das Testemunhas de Jeová no período nazista Por Wagner S. Cunha


“Triângulos roxos – as vítimas esquecidas do nazismo”. Este tem sido o tema de diversos seminários e exposições feitos pelas Testemunhas de Jeová ao redor do mundo para chamar a atenção das pessoas às perseguições que sua religião sofreu sob o regime nazista. Quem participa desses seminários, além de ficar impressionado com os horrores do Holocausto Nazista, através dos testemunhos chocantes de pessoas que sofreram nos campos de concentração, é bombardeado com a assertiva de que as Testemunhas de Jeová “não temeram em denunciar o governo nazista”, enquanto “as igrejas se calaram e colaboraram com o nazismo”1. E prosseguem: “As Testemunhas de Jeová são totalmente diferentes das religiões do mundo. Não participam nas guerras das nações ...”. “... Quando Hitler estendia a guerra por quase toda a Europa, as Testemunhas de Jeová resistiam às brutais tentativas dos nazistas de fazê-las participar na orgia da matança”2.
Será que tudo isso é verdade? As Testemunhas de Jeová deveriam atentar para o ditado popular: “Quem tem teto de vidro não deve atirar pedras no telhado do vizinho”. Ou, então, para o que disse o Senhor Jesus Cristo: “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?” (Mt 7.3). Apesar de todo o alarde balbuciante das Testemunhas de Jeová em relação ao seu ataque ao nazismo, a verdade é que seus próprios líderes tentaram assumir um compromisso com Hitler ao anunciar lealdade aos princípios do governo Socialista Nacional e engajar-se no anti-semitismo.
Os livros “Testemunhas de Jeová - Proclamadores do reino de Deus” (pp. 693 e 694) e “As Testemunhas de Jeová no propósito divino”(p. 130)3 afirmam que Hitler tornou-se primeiro-ministro da Alemanha em 30 de janeiro de 1933 e, dois meses depois, mais precisamente em 4 de abril de 1933, a sede alemã das Testemunhas de Jeová, em Magdeburgo, foi confiscada. Tal confisco, no entanto, foi anulado em 28 de abril de 1933. Houve um novo confisco em 28 de Junho de 1933 e, no começo de 1934, os nazistas apreenderam 65 toneladas de literatura da seita. Em resposta à primeira invasão, Joseph F. Rutherford (segundo presidente das Testemunhas de Jeová) e Nathan Knorr escreveram uma circular (impressa no “Anuário das Testemunhas de Jeová de 1934”) chamada “Declaração de fatos”. Este ofício foi apresentado na convenção de Berlim e, após o retorno de Rutherford e Knorr a Nova Iorque, as Testemunhas de Jeová alemãs foram instruídas a distribuí-lo (mais de 2 milhões de copias).
As Testemunhas de Jeová, no entanto, alegam em suas literaturas que denunciaram Hitler e seu sistema de governo. Mas o historiador M. James Penton4, num artigo para um periódico cristão5, disse que as Testemunhas de Jeová só tomaram uma posição definitiva contra o governo nazista depois que Hitler rejeitou a “Declaração” delas6. Numa carta pessoal, que acompanhava a “Declaração”, os líderes da seita esforçaram-se para convencer o ditador de que apoiavam os “princípios” do seu governo – sem sombra de dúvida, isto era um esforço para continuarem suas atividades de venda de livros na Alemanha7. Contudo, Hitler não ficou impressionado. Na “Declaração de fatos”, Rutherford escreveu:
“O governo atual da Alemanha declarou-se enfaticamente contra os opressores do grande comércio e em oposição à influência religiosa errada nos assuntos políticos da nação. Esta é exatamente a nossa posição... ‘Longe de estarmos contra os princípios advogados pelo seu governo da Alemanha, nós apoiamos sinceramente esses princípios e sublinhamos que Jeová Deus, através de Jesus Cristo, causará a realização completa destes princípios...”8.

Pseudoneutralidade - Que vergonha!
Que princípios advogavam a Alemanha quando sob o comando de Hitler? No livro das Testemunhas de Jeová, denominado “Aproximou-se o reino de Deus de mil anos” (pp. 8 e 9) diz:
“Pouco tempo depois de os Estados Unidos mergulharem na Segunda Guerra Mundial, obteve-se a informação sobre este plano nazista de documentos nazistas apreendidos e de agentes alemães presos, bem como de diversas outras fontes. Este plano tinha por objetivo uma ordem mundial nazista que Hitler imporia impiedosamente à humanidade se fosse bem-sucedido na Segunda Guerra mundial... (Ele) evidentemente no Santo Império Romano, germânico... De qualquer modo, não houve nenhum restabelecimento do Santo Império Romano, conforme muitos da religião de Hitler haviam esperado”.
Embora seja evidente que a Sociedade Torre de Vigia não acreditava no nazismo, a “Declaração”, no entanto, revela que as Testemunhas de Jeová são tão culpadas quanto as outras religiões que elas acusam de ter apoiado o nazismo. Não obstante as Testemunhas de Jeová citarem com freqüência em sua literatura o livro The Nazi State na The New Religions (O Estado nazi e as novas religiões), da historiadora Christine King (Reitora da Universidade de Stafforshire, na Inglaterra)9 para apoiar sua pseudoneutralidade, não mencionam, porém, o que a Dra. King escreveu sobre a “Declaração de fatos”. Por exemplo, numa breve avaliação desse documento, ela faz uma observação que é, se encarada do ponto de vista das Testemunhas de Jeová, extremamente incriminatória. Ela declara:
“O documento é uma obra-prima no gênero e digna das outras quatro seitas (Os Cientistas Cristãos, os Santos dos Últimos Dias, os Adventistas do Sétimo Dia e membros da Nova Igreja Apostólica), tendo todas elas apoiado, de uma maneira ou de outra, o Estado Nazi”10.

Noutro parágrafo, ela diz:
“Tentando assegurar às autoridades, pela ‘Declaração de fatos’, que eram bons cidadãos, tendo interpretado e explicado os seus ensinos de um modo que, dadas às preocupações do regime, pretendia acalmar medos e oferecer uma certa medida de compromisso, as Testemunhas parecem ter esperado que daí em diante não teriam mais incômodos”11.
Em uma total demonstração de desonestidade, os líderes das Testemunhas de Jeová, após condenarem o clero religioso por ter apoiado o nazismo, proclamaram:
“Contudo, houve um grupo na Alemanha que defendeu corajosamente os princípios cristãos. Esse grupo foi as Testemunhas de Jeová. Contrariamente ao clero e aos seus seguidores, as Testemunhas recusaram-se a colaborar com Hitler e com os Nazis. Elas recusaram-se a violar os mandamentos de Deus. Elas não quebrariam a sua neutralidade cristã em assuntos políticos... Elas não atribuíram Heil, ou salvação, a Hitler, como fez a maioria dos rebanhos do clero”.12

Rastros de lama
Mentiras, desonestidades, hipocrisia! É este rastro que acompanha cada período da história das Testemunhas de Jeová.
A quem se referia Rutherford quando mencionou os “opressores do grande comércio”, em sua “Declaração de Fatos?” Ele próprio responde:
“Foram os homens de negócios judeus do Império anglo-americano que estabeleceram e têm mantido os grandes negócios como meio de explorar e oprimir muitas nações... Este fato é tão manifesto na América que existe um provérbio a respeito da cidade de Nova Iorque que diz: ‘Os judeus são donos dela, os católicos irlandeses governam-na e os americanos pagam as faturas”.13
Durante a primeira e a segunda grandes guerras mundiais, as Testemunhas de Jeová e sua liderança criticaram todos os governos, inclusive o alemão, por terem sido manipulados pela Igreja Católica, a quem identificaram com a “Grande prostituta de Babilônia”.14 Apesar disto, a “Declaração de fatos” expõe a hipocrisia das Testemunhas de Jeová:
“(Os) Estudantes da Bíblia estão lutando pelos mesmos objetivos e ideais elevados e éticos que o Reich alemão nacional proclamou a respeito do relacionamento do homem com Deus...não existem pontos de vista conflitantes...mas antes, pelo contrário, no que diz respeito aos objetivos puramente religiosos e apolíticos...estes estão em harmonia completa com...o Governo Nacional do Reich alemão.”15
Conforme vimos anteriormente na publicação das Testemunhas de Jeová, intitulada “Aproximou-se o reino de Deus de mil anos (p. 9), “muitos da religião de Hitler” ficaram desapontados quando este plano falhou. Que havemos de pensar sobre este comentário, sabendo que as próprias Testemunhas de Jeová disseram que estavam “em harmonia completa” com as posições apolíticas e religiosas do terceiro Reich?16 Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento histórico sabe quais eram os “objetivos apolíticos” de Hitler. Só um louco como este ditador poderia orquestrar a aniquilação sistemática de mais de seis milhões de judeus e considerar tal massacre como um ato da vontade divina!
Durante o verão de 1918, os líderes das Testemunhas de Jeová insistiram para que os “estudantes da Bíblia” comprassem War Bonds (Ações de guerra)17. E chegaram ao ponto de apoiar um “Dia de oração nacional” para que a Alemanha fosse derrotada rapidamente18. Não obstante, num artigo da revista A Sentinela (1985, p. 6), atacaram a “cristandade” por ter orado pelo fim da Primeira Guerra Mundial. Sua alegação é que, “em 1914, as tropas alemãs entraram na Bélgica usando um cinto com a inscrição Got mit uns (Deus está conosco). Em ambos os lados, a Igreja foi prolífera em orações pela vitória e mordaz nos insultos ao inimigo”. As Testemunhas de Jeová estão sempre com o dedo em riste, através de propaganda agressiva, acusando os outros, mas, ao mesmo tempo, ignoram suas próprias inconsistências gritantes.
As Testemunhas de Jeová têm feito de tudo para colocar “debaixo do tapete” estes vergonhosos acontecimentos. Dizem que uma Testemunha de Jeová alemã, chamada Mutze, acusou Paul Balzereit (o responsável pela filial alemã das Testemunhas de Jeová) de ter alterado a “Declaração” ao atenuar sua linguagem, e que Balzereit foi quem escreveu a carta a Hitler, o que teria sido supostamente feito sem o conhecimento de Rutherford.19 No entanto, o historiador M. James Penton questionou isso:
“Independente de quem escreveu, editou ou ‘enfraqueceu’ a ‘Declaração’, o fato é que foi publicada como um documento oficial da Sociedade Torre de Vigia. Conseqüentemente, os líderes americanos (das Testemunhas de Jeová)... e o juiz Rutherford, em particular, foram diretamente responsáveis por aquele anti-semitismo descarado com a franca disposição de comprometer os seus anunciados princípios de ‘neutralidade cristã’ com o objetivo de continuar o seu trabalho de publicação e pregação na Alemanha...” 20
E tem mais. O dr. Penton descobriu um relato de proporções chocantes feito por uma testemunha ocular. Konrad Franke, uma adepta alemã, fez o seguinte comentário que apimentava ainda mais o escândalo Testemunhas de Jeová X Hitler: “... tive o privilégio de viajar com o irmão Albert Wandres de Wiesbaden para Berlim... mas ficamos chocados quando chegamos ao Tennis Hall (sede da seita em Magdeburg) na manhã seguinte... Quando entramos, vimos o lugar enfeitado com bandeiras suásticas... quando a reunião começou, foi precedida por uma canção que nós já não cantávamos há muitos anos... as notas eram da melodia de Deustschland, Deustschland, uber alles – Alemanha, Alemanha, acima de tudo. Era o hino nacional alemão. 21

Desculpas esfarrapadas
A Sociedade Torre de Vigia tenta esquivar-se do uso da melodia do hino alemão dizendo o seguinte: “Realmente, o congresso começou com ‘a gloriosa esperança de Sião’, cântico 64 do cancioneiro religioso das Testemunhas de Jeová. A letra desse cântico foi adaptada à música composta por Joseph Haydn, em 1797. O cântico 64 já estava no cancioneiro dos ‘Estudantes da Bíblia’ pelo menos desde 1905. Em 1922, o governo alemão adotou a melodia de Haydn com a letra de Hoffmann Von Fallersleben como hino nacional.”22

Existem vários pontos nos quais a Sociedade Torre de Vigia mente neste relato. Vejamos um deles:

1. O cancioneiro que os ‘Estudantes da Bíblia’ usavam em 1933 não era o mesmo de 1905.
A reunião em que foi adotada a resolução e se entoou o “cântico 64” ocorreu em 1933. Nessa época, as Testemunhas de Jeová usavam o cancioneiro lançado em 1928 (veja o livro “Proclamadores do reino de Deus”, p. 241), portanto seis anos depois de a Alemanha ter escolhido aquela melodia de haydn para o hino alemão.
É irônico que o livro “Proclamadores do reino de Deus” diga:
“1928: Cânticos de Louvor a Jeová. 337 cânticos, uma mistura de hinos novos, escritos pelos ‘Estudantes da Bíblia’, e de outros mais antigos. Na letra, um esforço especial de afastar-se de sentimentos da religião falsa e da adoração de criaturas.”23
Por que seis anos depois de a Alemanha estar usando aquela melodia como hino nacional, as Testemunhas de Jeová decidiram manter no seu cancioneiro uma melodia inconfundivelmente ligada ao hino nacional alemão que glorificava a “Alemanha acima de tudo” (“Deutschland, uber alles”)? Por que, dentre os 337 cânticos que existiam no cancioneiro, tiveram logo de escolher um cântico que qualquer pessoa identificaria com o hino alemão? A razão para a escolha é evidente!
Pela forma como a revista Despertai! (8/07/1998) descreve a “melodia de Haydn”, o leitor fica com a impressão de que tal cântico não passa de mais uma das melodias de Haydn. A verdade é que a revista Despertai preferiu esconder de seus leitores que a melodia, desde a sua origem, é um hino imperial em honra do Kaiser Francisco II. 24
“Em 1797, Haydn deu à nação austríaca a empolgante canção Gott erhalte Franz den Kaiser (Deus, salve o Imperador Francisco)”25. A revista Despertai não mostra a seus leitores que a “melodia Haydn” tinha sido, durante mais de 100 anos, o hino da Áustria (1797-1918).26
Quando a Sociedade Torre de Vigia decidiu incluir essa melodia no seu cancioneiro de 1905, ela já possuía uma longa história de mais de um século como hino do Império Austríaco, e também como hino patriótico da Alemanha. No cancioneiro de 1928, a Sociedade decidiu manter a “melodia de Haydn”, ainda que ciente que a mesma tinha sido adotada como hino da Alemanha em 1922.27
Hoje em dia, as Testemunhas de Jeová são proibidas, por seus líderes, de saudar as bandeiras nacionais e de cantar o hino patriótico. Será que as Testemunhas de Jeová alemãs agiam de forma diferente naquele tempo? Vejamos o que livro “O paraíso restabelecido para a humanidade – pela teocracia”, de 1972 (1974 em português), p. 334, comenta:
“(As Testemunhas de Jeová) Discerniram sua comissão do Deus Altíssimo de modo mais claro do que anteriormente e escolheram o proceder apostólico: ‘Temos de obedecer a Deus como governante antes que os homens’, Atos 5.29 ...Apegaram-se a este proceder mesmo no meio da Segunda Guerra Mundial. Apegaram-se a uma estrita neutralidade cristã para as controvérsias internacionais”.
Se Rutherford tinha sido o autor de dois livros defendendo a proeminência profética dos judeus,28 como conciliar sua postura na circular anti-semita alemã, a “Declaração”?
Seu novo conceito sobre o povo judeu era o prelúdio da doutrina do “Israel espiritual/grande multidão”. Daí por diante, Rutherford e outros líderes das Testemunhas de Jeová passaram a espiritualizar muitas promessas bíblicas feitas ao povo judeu afirmando que, agora, tais promessas aplicavam-se à sua “classe ungida.”29 Portanto, como a Sociedade Torre de Vigia poderia continuar apoiando os judeus? Como um anti-semita poderia ser “fiel e discreto”, considerando o fato de que o Rei dos reis é um judeu? Embora a organização das Testemunhas de Jeová, na pessoa de seu primeiro presidente, Charles Taze Russell, apoiasse fortemente o Sionismo30 , Rutherford aboliu esta posição cerca de 16 anos depois da morte de Russell. Vejamos o que Rutherford escreveu:
“...durante a (Primeira) Guerra Mundial os judeus receberam reconhecimento das nações gentias. Em 1917, surgiu a ‘Declaração Balfour’, patrocinada pelos governos pagãos da organização de Satanás, que deu reconhecimento aos judeus e concedeu-lhes grandes favores...Os judeus receberam mais atenção do que realmente mereciam.”31
Isto representa um mudança tremenda em relação aos seus escritos anteriores. No seu livro Life (Vida), Rutherford afirmou que a “Declaração Balfour” era parte do plano divino de Deus para trazer de volta o Israel carnal ao seu favor.32 A “Declaração Balfour” preparou o caminho para a pretensão de Israel de voltar à terra da Palestina, que (supostamente) Deus havia lhe dado há milhares de anos. Contudo, Rutherford deixou de acreditar que os judeus tivessem qualquer parte no plano de Deus, conforme se pode ver no seu livro intitulado “Inimigos”:
“...O clero protestante... juntamente com os rabinos da organização religiosa judaica, seguem a organização Católica Romana agindo de plena harmonia. Todos eles praticam a religião, cujo autor é o diabo.”33
Embora sejam traídas por sua própria literatura, as Testemunhas de Jeová continuam distorcendo e negando o que foi impresso por elas. E escrevem a respeito de si mesmas:
“Coerentes com isso (neutralidade), nunca se meteram tampouco na política de qualquer nação, nem participaram nela, na qual há tanta vituperação e incitação e muitas hostilidades e ódios divisórios.”34

Rutherford, um hipócrita
Considerando a imensa hipocrisia de Rutherford, é possível que as declarações seguintes possam provocar “hostilidades e ódios divisórios” entre a comunidade judaica?
* “Atualmente, os assim chamados ‘protestantes’ e o clero judeu cooperam abertamente e são controlados pelas mãos da hierarquia Católica Romana, como simplórios palermas...”35
* “Entre os instrumentos que ela (a ‘Prostituta de Babilônia’) usa estão os homens ultra-egoístas chamados ‘judeus’, que só procuram o lucro pessoal.”36
Será que Rutherford alguma vez leu Romanos 11, quando Paulo previne os crentes contra o orgulho sobre o estado de desgraça do Israel natural:
“Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também. Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado. E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira! (vv. 19-24).
Os fatos mostram que Rutherford estava bem familiarizado com esse texto, visto que tece longo comentários a respeito em seu livro Deliverance (Retribuição), dizendo que ainda havia esperança para o Israel carnal.37 Mas acabou mudando de idéia, teve uma “nova luz”. Embora não duvidemos da sincera dedicação das Testemunhas de Jeová às ordens da Sociedade Torre de Vigia, desconfiamos, porém, da honra e da integridade dos membros do Corpo Governante (liderança máxima dessa seita). Por que não praticaram o que obrigaram os outros a pregar? Por que permitiram que centenas de adeptos morressem nos campos de concentração depois de eles mesmos (membros do Corpo Governantes) terem cortejado as boas graças do Fuher? Vejamos o que escreveram:
“Atualmente, os governantes, em particular o clero, não estão orgulhosos do seu registro durante a Guerra Mundial, e quando as Testemunhas de Jeová chamam a atenção para as ações infiéis e iníquas cometidas nesse tempo e continuamente desde então, o clero e os seus aliados sentem uma vergonha que os atormenta porque são denunciados e, por isso, tentam impedir a publicação da verdade...no que diz respeito aos seus atos durante a guerra, à sua infidelidade a Deus e à sua ligação com o diabo. Eles não encontram nenhuma glória no registro que fizeram e que continuam a fazer.”38
Duas ex-Testemunhas de Jeová alemãs, Mehmet Aslan e Grenzach-Wyhlen, disseram acertadamente que os métodos usados pelos líderes dessa seita fazem lembrar, em muito, os métodos do sistema político de Hitler: atropelam os direitos humanos por restringir a liberdade de expressão. Expulsam de seu meio qualquer pessoa que tenha idéia contraria à liderança. Liberdade de expressão só é possível dentro dos limites impostos pelo Corpo Governante.
Em vista de tudo isso, não podemos deixar de enfatizar, mais uma vez: pessoas com telhado de vidro jamais deveriam publicar qualquer tipo de literatura ou tratado que ajude os outros a apanhá-las em sua falta! A tendência é a máscara cair.

Notas:

1 Brochura, “Holocausto, Sociedade Torre de Vigia”, pp. 22-30.
2 Id. p.31
3 “Despertai!” – 22/08/1995
4 Foi por quatro gerações Testemunha de Jeová, é professor de História e Estudos Religiosos na Universidade Lethbridge (Canadá) e autor do livro: “Apocalypse Delayed” (Apocalipse adiado), um dos melhores livros sobre a história das Testemunha de Jeová.
5 M.J. Penton, “A Story of Attemmpted Compromise: Jehovah’s Witnesses, Anti-semitism, and the Third Reich “(Uma história da tentativa de compromisso: As Testemunhas de Jeová, o anti-semitismo e o terceiro reich), Christian Quest Journal, Vol. 3, n° 1, primavera 1990, Ed. M. James Penton (Pub. Robert S. Righetti, Idyllwild, Ca)
6 id. p. 39.
7 Ib. pp. 37-38,42
8 Anuário das Testemunhas de Jeová de 1934, “Declaração de fatos”, pp. 135-136.
9 Despertai! 22/08/1995 , A Sentinela 1/10/1984.
10 Christine Elizabeth King, The Nazi State and The New Religions: Five Case Studes in Non-Conformity (O Estado Nazi e as Novas Religiões: Cinco casos de Estudo de inconformismo) [New York & Toronto: The Edwin Mellen Press, 1982), pp. 151 e152.
11 Ib.
12 Despertai! 8/06/1985, p. 10.
13 Ib. p. 134.
14 Despertai! – 22/08/95.
15 Anuário das Testemunhas de Jeová de 1934.
16 No Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975, p. 111, diz: “Muitos ficaram desapontados com a ‘Declaração’, visto que, em muitos pontos, deixara de ser tão forte como muitos irmãos esperavam.”
17 Watchtower (A Sentinela) 15/05/1918, pp. 152,153, Junho de 1918, pp. 168, 169 (edição em Inglês).
18 Watchtower , 1918, p. 6271.
19 Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975, pp. 110 e111.
20 Christian Quest Journal, Vol. 3, p. 42
21 Franke Conrad, altamente reconhecido pela comunidade das Testemunhas de Jeová como um líder fiel. Na revista A Sentinela 15/02/31, p. 31, sob o título “Morre um fiel ‘guerreiro’ na Alemanha”; Conrad serviu como superintendente de filial e, até a ocasião de sua morte, como membro da Comissão na filial alemã das Testemunhas de Jeová.
22 Despertai! 8/07/1998, 13.
23 “Proclamadores do reino de Deus, 1993, p. 241.
24 Encyclopedia Britannica, “Haydn, Joseph”
25 ib.
26 ib.
27 A Áustria era a terra Natal do “Fuher”, constituindo a “melodia de Haydn” um som sem dúvida agradável a Hitler. Por outro lado, tendo ele se naturalizado alemão, também se deleitaria em ouvir aquele que era o antigo e agora ressurgido hino do Reich.
28 Vida, em 1929 e Conforto Para os Judeus, 1925.
29 livro “Vindicação”, Vol. 2, 1932, pp. 257-258.
30 Movimento político e religioso judaico iniciado no século XIX visando o restabelecimento, na Palestina, de um Estado judaico, fato ocorrido em maio de 1948, quando foi proclamado o Estado de Israel.
31 J. F. Rutherford, “Vindicação”, vol. 2, p. 258.
32 J.F.Rutherford, Life (“Vida”), 1929, pp. 125-144.
33 J. F. Rutherford, “Inimigos”, 1937, p. 184.
34 “Está próxima a salvação do homem da aflição mundial!”, 1976 , p. 178, parágrafo 13 .
35 J.F. Rutherford ,“Inimigos”, 1937, p.194
36 Ib. p. 245.
37 J. F. Rutherford, Deliverance (“Retribuição”), 1926, pp. 329-331.
38 Jehovah’s Witnesses In the Divine Purpose (“As Testemunhas de Jeová no propósito divino”, 1959, p.143)

















A QUESTÃO DO SANGUE E A BÍBLIA

O que devo fazer? Meu filho está respirando com muita dificuldade. Sua contagem sangüínea está perigosamente baixa. Seu ritmo cardíaco já é de 200 batimentos por minuto, e está aumentando. Os médicos nos disseram que se não houver uma transfusão, ele morrerá de insuficiência respiratória e parada cardíaca. Expansores de plasma não ajudarão a esta altura, ele precisa de mais glóbulos vermelhos. Horrivelmente pálido e com os olhos muito abertos, ele olha para mim e sussurra: “Ajude-me, papai”. Devo deixar meu filho morrer, baseado na palavra de uma organização que tem freqüentemente mudado sua opinião sobre transplante de órgãos, vacinas, deveres civis?
Devo deixar meu filho, a minha criança, morrer? É isto realmente que Jeová espera que eu faça? Como me sentirei se a proibição do sangue finalmente se tornar apenas mais uma velha doutrina da Sociedade Torre de Vigia (STV)?
Esse deve ter sido o dilema na mente de algumas testemunhas-de-jeová quando teve de se deparar com a necessidade clínica da transfusão ou reposição sangüínea.
Quando a transfusão de sangue foi proibida pelo Corpo Governante, grupo de lideranças internacionais das testemunhas-de-jeová, a vacinação e a inoculação de soros já eram proibidas. Com base em Atos 15.20,29, “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue...”, afirmaram que a transfusão de sangue também era antibíblica, pois era o mesmo que comer o sangue.
Como tudo que é definido arbitrariamente por esse grupo de “teólogos”, esse ensinamento absurdo também foi amplamente aceito e divulgado inquestionavelmente pelos membros dessa seita em todo o mundo, gerando forte reação por parte da classe médica e das autoridades governamentais. Mas nada disso fez que mudassem de opinião.
Basicamente, a STV (Sociedade Torre de Vigia), sede mundial das testemunhas-de-jeová no Brooklin (EUA), argumentou este ensinamento da seguinte maneira:
“Um paciente no hospital pode ser alimentado pela boca, pelo nariz ou pelas veias. Quando soluções de açúcar são dadas por via intravenosa, isso é chamado alimentação intravenosa. Portanto, a própria terminologia do hospital reconhece como alimentação o processo de colocar nutrição em nosso sistema pelas veias. Conseqüentemente, o enfermeiro que administra a transfusão está alimentando o paciente com sangue por via intravenosa, e o paciente que recebe o sangue está comendo pelas veias”1 (grifo nosso).
Atualmente, a STV traz o mesmo ensinamento, estabelecendo entre seus membros (sócios) que toda a recepção interna de substância orgânica de outro ser vivo, inclusive o sangue, não difere em nada de qualquer refeição feita naturalmente por via oral. Outra analogia que usam para estabelecer a idéia de que a transfusão intravenosa é o mesmo que a ingestão de sangue diz:
“Algumas pessoas podem raciocinar que receber uma transfusão de sangue realmente não é comer. Mas não é verdade que quando um paciente está impossibilitado de comer pela boca, os médicos freqüentemente alimentam-no pelo mesmo método que uma transfusão de sangue é administrada? Examine as Escrituras cuidadosamente e note que elas nos dizem para nos mantermos livres de sangue e nos abstermos de sangue (At 15.20, 29). O que significa isso? Se um médico lhe dissesse para se abster de álcool, será que isso significaria simplesmente que você não deveria tomar álcool pelo meio natural, ou seja, pela boca, mas que poderia transfundi-lo diretamente nas suas veias? É claro que não! Assim também se abster de sangue significa não introduzi-lo nos nossos corpos de modo nenhum”2 (grifo nosso).
Uma pessoa desavisada que for abordada com essas argumentações e exemplos, certamente ficará muito confusa e será facilmente seduzida, pois parecem muito racionais. Mas se submetermos esses argumentos a uma contra-refutação, logo perceberemos o quanto são frágeis e desprovidos de lógica e honestidade intelectual. Vejamos:
Vamos considerar dois pacientes em um hospital. Um deles com grave desnutrição e o outro, vítima de um terrível acidente no qual perdeu muito sangue. Se transfusão de sangue é o mesmo que alimentação via oral, ou vice-versa, conforme afirmam as testemunhas-de-jeová, poderia um médico salvar esses pacientes ministrando uma rica e equilibrada refeição ao acidentado e uma vigorosa transfusão de sangue ao pobre desnutrido? É obvio que não!
Qualquer médico de bom e são juízo, submeteria a vítima de acidente a uma imediata reposição sangüínea e ao paciente desnutrido seria ministrada uma alimentação rica em nutrientes necessários à sua reabilitação física.
Isso prova definitivamente que transfusão intravenosa não é o mesmo que ingestão via oral, como fazem parecer as testemunhas-de-jeová. O sangue, pelo sistema circulatório, leva a todos os órgãos do corpo humano oxigênio e nutrientes vitais, indispensáveis à vida, mas não pode substituir os alimentos digeridos pelo processo digestivo natural. (veja em nosso site-www.icp.com.br simulação da circulação sangüínea.)
O Corpo Governante adotou ainda o argumento do médico Jean Baptiste Denys, do século XVII, um dos pioneiros na técnica de transfusões, que se pronunciou da seguinte forma:
“Ao realizar uma transfusão, isso nada mais é do que nutrir por meio de um caminho mais curto do que o normal, ou seja, colocar nas veias sangue já feito em vez de tomar alimento, que só depois de várias mudanças se transforma em sangue”.3
A citação de Denys, todavia, não encontra hoje sequer apoio entre os médicos ligados à STV, visto que o juramento que se faz quando se conclui um curso de medicina isenta o formando de quaisquer vínculos religiosos, restando-lhe apenas responder da forma mais responsável possível pelas vidas que lhe forem confiadas no transcurso de sua carreira que será fatalmente quebrada se obedecerem tal determinação da STV. Ou seja, em vez de salvarem uma vida, poriam a mesma a perder. Qualquer pessoa sabe que para o sangue se tornar alimento deve ser ingerido como tal, ingressando no organismo pela boca, descendo até o aparelho digestivo, onde será processado e transformado, em sua parte proveitosa, em nutrientes. Efeito que não se alcança na transfusão intravenosa.
Todos esses absurdos engendrados pelo Corpo Governante formaram um obstáculo quase que intransponível na história das Testemunhas de Jeová, uma vez considerada a hipótese de se extinguir tal doutrina, como ocorreu no passado com a proibição da vacina e do transplante de órgãos, agora liberados. Obviamente, quando isso acontecer, a STV se defrontará com um colapso sem precedentes entre seus membros em todo o mundo. Dada tamanha problemática, não é de se estranhar a ânsia encontrada nas publicações das Testemunhas de Jeová sobre a possibilidade, hoje real, da confecção de sangue artificial.

O que foi permitido e o que foi proibido
Para que possamos entender melhor esse assunto, analisaremos, a seguir, detalhadamente, todo o processo no tocante a esta questão da transfusão e o quanto há de contradições no mandamento da STV. Abaixo, a tabela composta pelas Testemunhas de Jeová sobre a composição do sangue:
Os principais componentes do sangue 4
• Plasma: Cerca de 55% do sangue. É constituído por 92% de água, o resto é constituído por proteínas complexas, tais como globulina, fibrinogênio e albumina.
• Plaquetas: cerca de 0.17% do sangue.
• Glóbulos Brancos: cerca de 1%.
• Glóbulos Vermelhos: cerca de 45%.
Assim, o Corpo Governante passa a classificar as substâncias contidas no sangue como maiores ou menores, o que, notadamente, revela a forma arbitrária e irresponsável com a qual a STV trata seus seguidores.
Fica claro, ainda, que este “escape” teve de ser providenciado para que se reduzisse o número de baixas entre seus seguidores. Tal “providência”, obviamente, foi tomada de forma sutil para não despertar a indignação dos inúmeros adeptos da seita que, por obediência aos dirigentes internacionais, sepultaram muitos entes queridos, os quais não teriam morrido se não houvesse tão equivocada interpretação.

1. A questão do plasma
A inconsistência da política doutrinária da STV quanto a componentes aceitáveis e não aceitáveis é bem ilustrada pela sua política quanto ao plasma. Como se pode ver nas informações extraídas da edição de 22 de outubro de 1990 da revista Despertai! (ver p. 49), o plasma constitui cerca de 55% do volume do sangue. Evidentemente, segundo o critério do volume, é colocado na lista de “componentes maiores”, assim proibidos pela Torre de Vigia.
No entanto, o plasma é formado por 92% de água simples, o que nos leva a perguntar: quais são os componentes dos aproximadamente 8% restantes? Os principais são albumina, globulina (da qual as imunoglobulinas são as partes mais importantes), fibrinogênio e fatores de coagulação (usados nas soluções hemofílicas). Estes são precisamente os componentes que a organização põe na lista dos que são permitidos aos seus membros!
Veja o leitor o absurdo! O plasma, como um todo, é proibido, apesar de seus componentes principais serem permitidos, desde que sejam introduzidos no corpo separadamente.
É como se alguém fosse proibido pelo médico de comer sanduíches de queijo e presunto, mas se separar os componentes do sanduíche, ou seja, o pão, o queijo e o presunto, então poderá comê-los. Uma lógica que apenas as vítimas da STV conseguem aceitar.

2. A questão dos leucócitos
Os leucócitos, muitas vezes chamados de “células brancas do sangue” (glóbulos brancos), também são proibidos. Na realidade, o termo “células brancas do sangue” é muito relativo, pois a maioria dos leucócitos existe de fato fora do sistema sangüíneo. O nosso corpo contém aproximadamente 2 a 3 quilos de leucócitos, e apenas cerca de 2 a 3% dos leucócitos estão no sistema sangüíneo. A porcentagem restante (cerca de 97% a 98%) está espalhada por todo o tecido do corpo, formando o sistema de defesa (ou imunológico).
Dado tal aspecto e considerando que a STV passou a autorizar o transplante de órgãos, há nessa mudança de opinião outra contradição, uma vez que, em um transplante, o paciente pode receber muito mais leucócitos do que em uma transfusão de sangue.
A ausência de quaisquer bases morais ou lógicas para essa proibição é também vista no fato de o leite humano conter leucócitos, e, de fato, há mais leucócitos em um litro de leite do que se pode encontrar em um litro de sangue. O sangue contém de 4 a 11 mil leucócitos por milímetro cúbico, enquanto o leite materno pode conter, durante os primeiros meses de aleitação, até 50 mil leucócitos por milímetro cúbico. Isto representa entre cinco a doze vezes mais do que a quantidade presente no sangue. E agora? Os bebês das testemunhas-de-jeová também mamam.

3. A proibição ao armazenamento de sangue
Outra contradição gritante é o fato de a STV utilizar a lei de Moisés como fundamento para proibir a reposição de sangue. Com base em Deuteronômio12.16, afirma que todo o sangue deve ser derramado no chão, e que é contrário à Bíblia o seu armazenamento, como acontece nos respectivos bancos de coletas.
Diante dessa questão, considere agora os fatos seguintes com respeito aos componentes do sangue aceitos pela STV, ela cai em sua própria armadilha:
• Componente Albumina – A albumina permitida pelas testemunhas-de-jeová é usada principalmente em tratamentos relacionados com queimaduras e hemorragias graves. Uma pessoa com queimadura de terceiro grau em 30% a 50% do corpo, necessita de 600 gramas de albumina. São necessários entre 10 e 15 litros de sangue para produzir essa quantidade.
• Componente Imunoglobina – A situação é semelhante no caso da imunoglobina (anticorpos). Para produzir anticorpos em quantidade suficiente para uma vacina que as pessoas (incluindo as testemunhas-de-jeová) que viajam para certos lugares devem tomar como proteção contra a cólera, são necessários perto de 3 litros de sangue como fonte do fornecimento. Isto é ainda mais sangue do que geralmente se emprega em uma transfusão. E, de novo, os anticorpos são extraídos de sangue armazenado.
• Componentes preparados hemofílicos – Por último, os preparados hemofílicos. Antes de essas substâncias começarem a ser usadas, o tempo médio de vida de um hemofílico, na década de 40, era 16 anos e meio. Hoje, graças a essas substâncias derivada do sangue, um hemofílico pode alcançar o tempo normal de vida. Para produzir essas substâncias, estima-se que são necessários 100 mil litros de sangue armazenado.
Perguntamos, então: porque a STV aceita que seus membros se beneficiem desses tratamentos, uma vez que, para isso, são utilizadas grandes quantidades de sangue armazenado, doado voluntariamente por milhares de pessoas movidas simplesmente por um ato de solidariedade, gesto este não repetido por nenhuma testemunha-de-jeová? Isso é justo?

Dando as costas para Deus?
A publicação das testemunhas-de-jeová intitulada Raciocínios à base das Escrituras, quando apresenta seus argumentos quanto à transfusão de sangue, descrevendo o tratamento que deve ser dado àqueles que os indagam dizendo: “O que fará se um médico disser: Morrerá se não tomar transfusão”, sugere como resposta: “Se a situação for realmente tão grave, poderá o médico garantir que ele não morrerá se tomar sangue? [...] Mas há alguém que pode restituir a vida à pessoa, e esse é Deus. Não acha que, quando a pessoa enfrenta a morte, seria uma péssima decisão dar as costas a Deus, violando a sua lei? Eu tenho realmente fé em Deus, e você?” 5 (grifo nosso).
O próprio Jesus Cristo deu exemplo de uma pessoa que, para não desfalecer faminto, transgrediu a Lei e ficou sem culpa. Trata-se de Davi. Ao chegar ao sacerdote Aimeleque, ele e seus companheiros tomaram dos pães da proposição (os quais, segundo Marcos 2.25-26, não era lícito que Davi e seus homens comessem
- 1Sm 21.6) e rememoraram a Lei descrita em Levítico 24.5-9.
Ainda na referida obra, Raciocínios à base das Escrituras, sugerem o seguinte como resposta: “Isso talvez signifique que ele não saiba tratar do caso sem uso de sangue. Quando possível, procuramos pô-lo em contato com um médico que tenha a experiência necessária, ou então procuramos outro médico”.6
Como é sabido, a inobservância das diretrizes ditadas pela STV implica em sérias punições para seus sócios, o que acaba levando muitos deles a tomarem atitudes que beiram à loucura, quando seguem rigorosamente essas normas.
Baseada na hipótese de o receptor correr o risco de contaminação pelo vírus HIV na transfusão e/ou reposição sanguínea, amedronta ainda mais seus membros. A exploração apelativa dessa remota possibilidade tem afetado, não somente entre seus seguidores, mas na sociedade como um todo, a boa vontade e caridade de muitos que sinceramente desejam ajudar seu semelhante, doando daquilo que possui como bem físico maior.

Alguns artigos destacados pela organização das testemunhas-de-jeová:
“O sangue tornou-se um negócio de dois bilhões de dólares por ano. A busca de lucros relacionados com ele resultou numa gigantesca tragédia na França. Sangue contaminado com o vírus HIV causou a morte de 250 hemofílicos por doenças ligadas à AIDS, e centenas mais foram infectados”.7
“Uma aliança maligna de negligência médica e ganância comercial levou à morte cerca de 400 hemofílicos alemães, e pelo menos mais 2000 foram infectados com sangue contaminado com o HIV”.8
“O Canadá teve também o seu escândalo do sangue. Estima-se que mais de 700 hemofílicos canadenses tenham sido tratados com sangue infectado com o HIV. O governo foi alertado em julho de 1984 de que a Cruz Vermelha estava distribuindo sangue contaminado com AIDS a hemofílicos canadenses, mas os produtos de sangue contaminado só foram retirados do mercado um ano depois, em agosto de 1985”.9
Poderíamos, então, perguntar a uma testemunha-de-jeová: por que você teme tanto esse risco de contaminação? Não foi você mesma que afirmou, minutos atrás: “...Eu tenho realmente fé em Deus...”?10
Para demonstrar o quanto é falso esse temor induzido pela STV em seus membros, apresentamos na página seguinte o quadro comparativo do grau de risco fatal que se encontra na transfusão e em outros procedimentos médicos:
Como se nota, uma dose de antibiótico à base de penicilina para tratar uma mera infecção de garganta pode, caso não haja a prudência do teste prévio, levar o organismo a uma reação fatal ou a seqüelas, um risco 22 vezes maior do que o ato de transfusão de sangue, o que demonstra mais uma incoerência das Testemunhas de Jeová.

O veredicto bíblico
Com a finalidade de proibir a transfusão e a reposição de sangue, a STV faz uso indevido de Gênesis 9.4: “Somente a carne com sua alma – seu sangue – não deveis comer”, e Atos 15.20: “Mas escrever-lhes que se abstenham das coisas poluídas por ídolos, e da fornicação, e do estrangulado, e do sangue”. Versículos que tratam da proibição do uso de sangue animal na alimentação, afirmando que aceitar sangue de qualquer modo é o mesmo que comê-lo. Todavia, o contexto desses versículos esclarece que jamais poderia ele ser usado isoladamente para a discutida finalidade. Aos cristãos ficou apenas estabelecido que se abstenham do uso de sangue como comida.
Esses versículos também sofreram uma interpretação errônea quando utilizados para proibir a vacinação, que permaneceu “fora do alcance” das testemunhas-de-jeová por muito tempo11. Mantiveram esse posicionamento por mais de 20 anos, quando então o aboliram em A Sentinela de janeiro de 1954, p.15.
Quanto ao transplante de órgãos, A Sentinela de 1 de junho de 1968, p. 349, considera esse procedimento médico tão repugnante quanto o canibalismo, uma prática comum entre os povos bárbaros.
Está suficientemente claro para qualquer leitor da Bíblia, por mais simples que seja, que as citações bíblicas de Atos 15.20, Gênesis 9.4 e Levítico 17.10-14 referem-se, em um primeiro momento, à proibição de comer sangue de animal. Jamais esteve em foco a idéia de comer sangue humano.
A Bíblia não permite o canibalismo, isto é, o ato de comer carne humana, muito menos o ato de comer sangue humano. E mesmo o conceito médico de alimentação endovenosa, utilizado pelas Testemunhas de Jeová, pode até ser “alimentar”, mas não é comer, o que escapa da proibição objetiva da Palavra de Deus.
Considere-se, ainda, que a técnica de transfusão ou reposição não se enquadra no ato de consumo intencional por parte daqueles que o fazem por meio dos gêneros alimentícios que levam sangue em sua receita, como no caso do chouriço (mistura de sangue suíno acrescido de açúcar). Um doador e um receptor jamais cogitam que o sangue doado será objeto de solução para famintos. Antes, terá o nobre propósito de salvar a vida daquele que se vê necessitado dele para fins estritamente medicinais.
Em uma consideração mais teológica, o motivo pelo qual Deus vetou aos homens o consumo de sangue está diretamente relacionado à santidade que este fluído possuía, em especial nos rituais sacrificais do tabernáculo, observando que a regra remonta aos tempos de Noé (Gn 9.4), quando se acha frisado que a vida do animal reside em seu sangue. Esta mesma santidade deriva do fato de que era o sangue que Deus exigia para si como forma de expiação de pecados. O sangue era apresentado no altar do Senhor.
Ainda neste âmbito, todo homem era obrigado a derramar o sangue de um animal que não prestasse para o sacrifício. Uma vez que todo o sangue fosse derramado no chão, deveria ser coberto com pó, conforme rege Levítico 17.13.
Em contestação aos conceitos da STV, encontramos nas palavras do Senhor Jesus, em João 15.13, uma contundente declaração de que, se assim for necessário, a própria vida de alguém deve, como prova de extremo amor, ser entregue por seus amigos, declaração que se acha anotada com semelhante teor na TNM, onde se lê: “Ninguém tem maior amor do que este, que alguém entregue a sua alma (vida) a favor de seus amigos”.
Essa expressão está em perfeita conformidade com toda a doutrina sacrifical descrita no Velho Testamento, quando, segundo a Lei, o transgressor, a cada pecado cometido, deveria apresentar ao sacerdote, de acordo com o seu erro, um animal que se encaixasse nas especificações da Lei Mosaica para que, por meio de sua morte, o derramamento do sangue pudesse atender ao propósito da expiação, pagando o animal pelo erro de seu ofertante, conforme ensina também o Novo Testamento: “Sim, quase todas as coisas são purificadas com sangue, segundo a Lei, e a menos que se derrame sangue, não há perdão” (Hb 9.22). Ainda nos vv. 16-18, atesta-se que há necessidade de o testador morrer para que seu testamento tenha validade, constatando-se no v. 18 que mesmo a primeira aliança foi sancionada com sangue.
Nesse aspecto, contrariamente à visão das testemunhas- de-jeová, a doação de sangue recebe, em toda sociedade, o mais alto conceito de sentimento de humanidade e amor ao próximo, características que devem ser obrigatoriamente encontradas entre os que se dizem cristãos.
No que diz respeito ainda às ações humanitárias, vemos Tiago, em sua epístola universal, reprovando duramente aqueles que, tendo consciência de suas responsabilidades, deixam de beneficiar seu semelhante com seus favores. Segundo o autor, pecam os que têm consciência do benefício que devem executar em favor de seu semelhante e não o fazem (4.7). Posição esta que se equipara à citação de Cristo na parábola do servo vigilante (Lc 12.35-48). A vontade de Jesus é que “amemos o próximo como a nós mesmos” (Mt 22.39).
Entendemos, portanto: não há nenhuma passagem bíblica que regulamente a questão de transfusão e reposição de sangue. Além disso, a própria Bíblia diz que “onde não há lei não há transgressão” (Rm 4.15).

(Compilado por Marcos Paiva)


Componentes do sangue e práticas proibidas Componentes do sangue e práticas permitidas
Sangue total Albumina
Plasma Imunoglobina
Glóbulos brancos (leucócitos) Preparados hemofílicos (Fator VIII e IX)
Glóbulos vermelhos Passagem do sangue do paciente por uma bomba cardiopulmonar ou por outra em que a circulação extracorpórea seja ininterrupta.
Plaquetas
Armazenar o sangue do próprio paciente para transfusão posterior.


PROCEDIMENTO GRAU DE RISCO FATAL
Penicilina 1 a cada 30 mil pacientes
Anestesia Geral 1 a cada 15/30 mil pacientes
Transfusão de sangue 1 a cada 83/676 mil pacientes
O sangue é um tecido vivo produzido pela medula óssea de alguns ossos.
O corpo humano carrega cerca de 4 litros de sangue. Eles irrigam uma rede de 200 mil quilômetros de artérias, veias e capilares, o suficiente para dar 5 voltas ao redor da Terra.
A aorta é a maior artéria do corpo. Ela mede 5 centímetros de diâmetro e distribui o sangue em todas as partes do coração.
O sangue circula a uma velocidade de 2 quilômetros por hora. Demora, portanto, 15 segundos para chegar de uma mão a outra e 2 segundos do quadril até os pés.
A primeira transfusão de sangue realizada com sucesso se deu em 1665, quando Richard Lower, membro de uma associação médica londrina, transfundiu sangue de um cão a outro.
Doar sangue não vicia, não engorda, não emagrece, não engrossa o sangue, nem afina a pele. Doar uma vez não obriga você a doar sempre, você apenas doará novamente se quiser.
O coração humano funciona ao ritmo de 72 batidas por minuto, 104 mil por dia, 38 milhões por ano e algo em torno de 2,5 bilhões de pulsações ao longo da vida.
Ele bombeia 85 gramas de sangue a cada batida, o que equivale a mais de 9 mil litros de sangue por dia.
Ao longo da vida o coração bombeia uma quantidade de sangue equivalente para encher 23 mil caminhões-tanque com capacidade de 10 mil litros cada.
Em um minuto, o coração lança 5 litros de sangue no corpo e bombeia 400 litros de sangue por hora.
O coração de um homem adulto é do tamanho de um punho fechado e pesa apenas 340 gramas. O coração da mulher é um pouco mais acelerado; em 1 minuto, bate 8 vezes mais do que o do homem. Nos recém-nascidos, bate 120 vezes por minuto.

FONTE: Fundação Pro-Sangue
Referencias Bibliográficas:

Todas as transcrições bíblicas desta matéria foram extraídas da Tradução do Novo Mundo da Escrituras Sagradas – TNM.
1 The Watchtower (A Sentinela) – 1º de julho de 1951, p. 415 – em inglês
2 The Watchtower (A Sentinela) – 1º de junho de 1969, pp. 326-327 - em inglês
3 The Watchtower (A Sentinela) – 15 de setembro de 1961, p 558 - em inglês
4 Despertai, 22 de outubro de 1990. (falta pagina)
5 Raciocínios a base das Escrituras. STV. 1985, p. 348
6 Raciocínios a base das Escrituras. STV. 1985, p. 348
7 The Boston Globe, 28 de outubro de 1992, p. 4
8 Guardian Weekly, 22 de agosto de 1993, p. 7
9 The Globe and Mail, 22 de julho de 1993, p. A21, e The Medical Post, 30/03/1993, p. 26 em Despertai!, 22 de maio de 1994, p. 31
10 Raciocínios a base das Escrituras. STV. 1985, p. 348
11 The Golden Age 4, fevereiro de 1931, p.293 – Hoje, atual Revista Despertai!

















AS DIVISÕES DA SEITA QUE CONDENA A DIVERSIDADE DENOMINACIONAL CRISTÃ

Por Rolando Rodriguez

No livro O homem em busca de Deus (p.328), a Sociedade Torre de Vigia das testemunhas-de-jeová comenta sobre os efeitos da Reforma Protestante entre a cristandade. Apesar de reconhecerem alguns aspectos positivos da Reforma, não deixam de concluir o assunto expondo que seu efeito foi incapaz de alterar o que consideram “ensinos antibíblicos que deram ao povo um quadro distorcido a respeito de Deus e seu propósito”. Segundo o Corpo Governante, liderança da seita, as numerosas denominações evangélicas dissidentes da Igreja Católica Romana, que surgiram como resultado do livre espírito da Reforma, apenas conduziram as pessoas “a muitas diferentes direções” com uma diversidade que gerou “confusão” e levou muitos a questionarem a própria existência de Deus.
Esta conclusão suscitou-nos o interesse em pesquisar e descobrir as diferentes facções que surgiram entre as testemunhas-de-jeová ao redor do mundo. Não empenharemos aqui linhas com o objetivo de defender ou explicar o surgimento das denominações evangélicas ao longo da história, mesmo porque isso não acarreta implicações salvíficas para nós que fundamentamos a salvação em Jesus, e não em placas de igrejas ou qualquer espécie de organização humana. O nosso propósito aqui, portanto, é informar aos leitores dados históricos que os ajudarão a descobrir se os seguidores de Russell, Rutherford e companhia caminham na mesma direção. Esta descoberta tem grande importância, considerando-se a inspiração inerrante que as testemunhas-de-jeová atribuem a tais personalidades. Esperamos que, ao término desta leitura, o leitor possa julgar quem de fato está confuso.

Cismas e separações
Em 1917, muitos Estudantes da Bíblia deixaram de apoiar a Sociedade e passaram a funcionar independentemente. Os quatro diretores — demitidos dos seus cargos por Rutherford — formaram um instituto para continuar o trabalho do pastor Russell, independentemente da Sociedade. Outros formaram empresas (sociedades) particulares. Alguns adeptos seguiram a liderança do seu ancião ou instrutor favorito. Ainda outros, cansados de sociedades e organizações, decidiram ficar independentes de todos os demais.
À medida que os anos foram passando, cada vez mais Estudantes da Bíblia, vendo a mudança de direção e atitude no interior da seita, saíram da Sociedade. Foi assim que começou o êxodo.
Em 1930, cerca de 75% dos Estudantes da Bíblia originais tinham saído da Sociedade. Nesse tempo, todos os escritos de Russell foram rejeitados e substituídos pelos de Rutherford, que contradiziam os de Russell. Até porque, em 1929, a nova Sociedade já tinha feito mais de cem mudanças doutrinais. A Sociedade já não se parecia nada com o que fora iniciado por Russell e pelos seus primeiros associados. Tinha assumido um novo aspecto e uma nova atitude. Já não era uma casa editora para a disseminação de literatura bíblica. Agora, era a Organização Teocrática1 de Deus. Discordar dela era equivalente a trair o próprio Deus.
Em 1931, Rutherford decidiu fazer uma distinção entre os Estudantes da Bíblia independentes e os Estudantes da Bíblia leais a ele. Então, mudou o nome daqueles que lhe eram fiéis para Testemunhas de Jeová. Nascia, então, a seita como é chamada hoje. A antiga Sociedade, para as novas testemunhas-de-jeová, tornara-se uma abominação à cristandade. Transformara-se, segundo àqueles que a abandonaram, numa pequena Babilônia. Assim, muitos Estudantes da Bíblia que ainda permaneciam no interior da Sociedade ouviram a admoestação: “Saí dela, meu povo!”. E foi justamente o que fizeram: saíram.
Desde então, até a atualidade, a Torre de Vigia descreve os membros da comunidade dos Estudantes da Bíblia daquele tempo como “tendo vestimentas impuras”, que estavam “contaminados por apostasia”2, “eram culpados de práticas erradas”, “mostravam características semelhantes ao joio”3, “manifestavam temor do homem” e “venderam-se, devido às práticas erradas”.
Atualmente, embora muitos Estudantes originais da Bíblia tenham deixado esta terra, seus descendentes, porém, continuam a obra. Filhos e netos que nasceram décadas depois dos acontecimentos de 1917, e até mesmo recém-chegados, não recebem da Sociedade qualquer misericórdia. São considerados iníquos e apóstatas. E as testemunhas-de-jeová são instruídas a ignorá-los. A Sociedade chegou ao ponto extremo de declarar que os Estudantes da Bíblia já não existem, que morreram todos, que não sobrou nenhum.


Filhos da Torre de Vigia
Depois da morte do pastor Charles Taze Russell, o trabalho iniciado por ele tinha de continuar, obviamente. Mas quem o faria? E como o faria? Era óbvio que a Sociedade havia abandonado o pensamento de levar a cabo os desejos de Russell, conforme expressos na sua Última Vontade e Testamento. Os quatro diretores demitidos e outros Estudantes da Bíblia, proeminentes como indivíduos, congregações e casas editoras, decidiram fazer eles mesmos o trabalho.
Existiam muitas opiniões sobre as obras de Russell. Certos grupos e indivíduos sentiam que deveriam aceitar os ensinos dele. Alguns achavam que ele estava errado em determinadas doutrinas. Outros ensinaram que sabiam o tempo em que a Igreja estaria completa. Ainda outros acreditavam que a Igreja não tinha qualquer trabalho especial ou mensagem de “colheita”4 para realizar naquele tempo.
No passado, certo número de Estudantes da Bíblia sentiu que havia recebido revelações diretas de Deus ou de Cristo. Estas crenças geralmente davam origem a muitas literaturas que expunham suas opiniões ou revelações.
Como os Estudantes da Bíblia não têm uma lista de membros, é difícil dizer quantos são. O número total de Estudantes da Bíblia fora da Sociedade Torre de Vigia provavelmente não chega a 10.000. Metade deles está fora dos Estados Unidos da América.
Os vários grupos que se separaram da Torre de Vigia entre 1917 e 1931 são muito difíceis de classificar. Alguns, como a “Associação de Estudantes da Bíblia da Aurora”5 e o “Instituto Bíblico Pastoral”6, em contraste com alguns ramos dissidentes, têm um senso geral de coesão. Quase todos consideram-se Estudantes da Bíblia independentes e, embora aceitem suas particularidades doutrinais, não deixam esta concordância interferir na associação mútua e na troca de oradores e literaturas realizadas entre eles. Geralmente, se organizam em torno de um periódico, de uma personalidade, ou de ambos. Os periódicos servem como meio de comunicação e coesão dos grupos e, freqüentemente, são polêmicos. Publicam livros, um número elevado de brochuras, panfletos, vídeos e fitas cassete.
As literaturas, na maior parte delas, não contêm o nome do autor nem o da casa editora, exceto se tiverem sido publicadas por algum dos grupos principais (i.e., Aurora, P.B.I. ou Laymen). Existem várias razões que explicam o motivo que leva os Estudantes da Bíblia a escrever sob o anonimato: muitos acham que os escritos devem ser julgados com base no seu próprio mérito, além do fato de o nome de Russell, muitas vezes, não aparecer em nenhum dos trabalhos de sua autoria. Obras sem credencias autorais também permitem que as publicações circulem livremente de um grupo para outro sem conter referência ao grupo ou ao autor.

MOVIMENTO MISSIONÁRIO DA CASA DO LEIGO (1918 até presente data)
Laymen’s Home Missionary Movement

Em 15 de Agosto de 1918, alguns dos ex-membros do corpo de diretores, junto com o peregrino Paul S. L. Johnson, publicaram O padrão da Bíblia e Arauto do reino de Cristo”7. Posteriormente, o empreendimento descambou e Johnson fundou aquele que hoje é o Movimento Missionário da Casa do Leigo,8 que publicaria literaturas independentemente de todos os Estudantes da Bíblia, introduzindo novos pontos de vista e doutrinas. Em dezembro de 1918, Johnson publicou A verdade atual e Arauto do reino de Cristo”9 e, em 1920, O arauto da Epifania10. Johnson ensinou que, assim como Russell, também fora o mensageiro da parousia.11 Durante esse período, Johnson devia ser o mensageiro da epifania12 do Senhor. Johnson era um escritor prolífico; escreveu o conjunto de quinze volumes intitulados Estudos das Escrituras da Epifania13, sendo dois volumes adicionados depois da sua morte. Seus jornais e publicações ainda hoje continuam sendo editados. Seu grupo é um dos poucos que têm suas próprias congregações atuando como casa editora.

ASSOCIAÇÃO DOS ESTUDANTES DA BÍBLIA DA EPIFANIA (1955 até presente data)
Epiphany Bible Students Association

Como acontece muitas vezes, depois da morte de um líder carismático ocorrem vários cismas. Foi justamente isto que aconteceu com o Movimento Missionário da Casa do Leigo. Com o falecimento de Paul Johnson, em outubro de 1950, Raymond Jolly tomou as rédeas do movimento liderado por Johnson, o que fez que ocorressem desentendimentos entre ele (Raymond) e John Hoefle — um peregrino do Movimento. Hoefle, que deixou a Sociedade em 1928 e se juntou a Johnson, foi posteriormente desassociado do Movimento Missionário da Casa do Leigo em 1956. Então, começou a publicar um periódico intitulado Associação dos Estudantes da Bíblia da Epifania14. John Hoefle morreu na década de 80.

MOVIMENTO MISSIONÁRIO DA CASA LAODICENSE (1957 até 1990)
Laodicean Home Missionary Movement

John Krewson, outro peregrino do Movimento Missionário da Casa do Leigo, assim como John Hoefle, também foi desassociado do movimento em 1955. Então, começou o Movimento Missionário da Casa Laodicense15. Ele argumentava que, tal como Russell, também era o “mensageiro da parousia” e Johnson, o “mensageiro da epifania”. Segundo ele próprio afirmou (estamos falando de Krewson), devia ser o “mensageiro do apocalipse”, pois o mundo estava vivendo, devido à fase do apocalipse, a presença do Senhor.
Levado por essa crença, publicou o conjunto de três volumes intitulado Estudos das Escrituras do Apocalipse16 e um jornal mensal: A verdade atual do Apocalipse17. A maior parte da sua literatura era dirigida, principalmente, ao Movimento Missionário da Casa do Leigo e à Associação dos Estudantes da Bíblia da Epifania, e não para outros Estudantes da Bíblia. Krewson morreu na década de 1970. Seu trabalho continuou até 1990. Depois disso, acabou.

INSTITUTO BÍBLICO PASTORAL (1918 até presente data)
Pastoral Bible Institute


Os problemas de 1917 com a Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia resultaram na expulsão, entre outros, dos quatro membros do corpo de diretores: R. H. Hirsh, I. F. Hoskins, A. I. Ritchie e J. D. Wright. Parte deste cisma foi causado por uma luta pelo poder e parte por oposição ao Volume VII dos Estudos das Escrituras: o mistério consumado18 que, supostamente, era o trabalho póstumo de Russell, mas que, na realidade, fora escrito por Clayton J. Woodworth e George Fisher. O sétimo volume expunha várias idéias teológicas novas que muitos consideravam contrárias às Escrituras; foi assim que se desenvolveu a oposição a esse livro. O grupo opôs-se à tentativa de Rutherford de controlar a Sociedade até as eleições decisivas na convenção de 1918.
Depois da vitória conclusiva de Rutherford, vários irmãos proeminentes retiraram o seu apoio à Sociedade. A primeira Convenção dos Estudantes da Bíblia, realizada independentemente da Sociedade Torre de Vigia, teve lugar em Asbury Park, New Jersey, em 26 a 29 de julho de 1918. Alguns meses depois, cerca de trezentas pessoas compareceram a uma segunda convenção, em Providence, Rhode Island, em novembro de 1918. Nesta reunião, o Instituto Bíblico Pastoral foi formado com o objetivo de continuar o trabalho de Russell, independentemente da Sociedade. No mesmo ano, foi estabelecido o periódico O arauto do reino de Cristo19, editado por R. H. Streeter até a sua morte, em dezembro de 1924.
Hoje, o Instituto ainda continua publicando o seu jornal e também folhetos e tratados. Além disso, disponibiliza os Estudos das Escrituras, da autoria de Russell, entre outros escritos.

OS VIGIAS DA MANHÃ (1937 até 1957)
Watchers of the Morning

Na década de 1930, influenciados pelos escritos de E. C. Henninges e de M. L. McPhail (dois peregrinos proeminentes que deixaram a Sociedade em 1909, devido a desacordos doutrinais com Russell), alguns membros proeminentes do Instituto Bíblico Pastoral começaram a negar a presença de Cristo e outras doutrinas importantes defendidas pela Associação dos Estudantes da Bíblia, o que provocou outro cisma em 1937. O corpo de diretores, Isaac Hoskins e outros membros retiraram seu apoio ao grupo e começaram, então, a publicar Os vigias da manhã. O jornal foi publicado até junho de 1957.

ASSOCIAÇÃO DOS ESTUDANTES DA BÍBLIA DA AURORA (1932 até presente data)
The Dawn Bible Students Association

Em 1931, a maior parte dos grupos de Estudantes da Bíblia estava desaparecendo ou funcionando como classes ou indivíduos independentes. Então, veio Norman Woodworth, que criou o programa de rádio da Sociedade. Mas, em 1928, Norman saiu daquele programa para formar o seu próprio programa. Fez isso com a ajuda da eclésia dos Estudantes da Bíblia de Brooklyn. Esses Estudantes publicavam o pequeno jornal Os ecos de rádio dos Estudantes da Bíblia20, e davam destaque ao seu programa de rádio que, mais tarde, passou a chamar “Transmissão de rádio franca e fervorosa”21.
Em 1931, foi eleito um corpo de diretores. Em 1932, o Ecos de rádio tornou-se Aurora e arauto da presença de Cristo22, um jornal quinzenal. Esta publicação conseguiu juntar novamente os Estudantes da Bíblia independentes e, durante as décadas de 1930, 1940 e 1950, a associação “Aurora” cresceu, em conseqüência de um afluxo de testemunhas-de-jeová cansadas das mudanças doutrinais da Torre de Vigia. Então, voltaram a publicar os Estudos das Escrituras, inúmeros livros, folhetos e tratados. Hoje, eles continuam o seu ministério, produzindo fitas cassete, vídeos, o jornal Aurora e outras literaturas para os Estudantes da Bíblia em geral. Os seus programas de televisão e rádio são vistos por todo o território dos EUA., Canadá, Europa, América do Sul etc.

A ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DO MILÊNIO (1928 até presente data)
The Christian Millennial Fellowship

Esta Associação era originalmente composta pela Associação Italiana dos Estudantes da Bíblia23 e pela Igreja dos Estudantes da Bíblia do Milênio24, de Hartford, Pequena Itália, em Nova York. Atualmente, este grupo está associado com um dos primeiros ramos dissidentes da Sociedade Torre de Vigia, da qual retiraram o seu apoio em 1928 e, em 1940, lançaram o jornal Nova criação — um arauto do reino de Cristo25. Contudo, anos mais tarde, Gaetano Boccaccio começou a ser influenciado pelos escritos de E. C. Henninges e M. L. McPhail, dois peregrinos que deixaram a Sociedade em 1909 devido a alguns desacordos doutrinais. A Associação Cristã do Milênio, mais tarde, rejeitou a maior parte dos escritos de Russell, considerando-os errados, e converteu-se ao grupo Estudantes da Bíblia do Novo Pacto26.
Gaetano Boccaccio foi o líder da Associação Cristã do Milênio desde o início, mas estava com a Sociedade desde 1917. Boccaccio morreu em 1996, mas, durante cerca de cinqüenta anos, conduziu o grupo de Hartford, Connecticut.
Atualmente, o grupo é internacional e se mudou para New Jersey, sendo chefiado por Elmer Weeks.

ASSOCIAÇÃO DOS ESTUDANTES DA BÍBLIA INTRANSIGENTES (1918 até data incerta)
The Standfast Bible Students Association
São chamados desta forma devido à sua determinação de “se manterem intransigentes no que diz respeito aos princípios de guerra que Russell anunciou”. Charles E. Heard de Vancouver e muitos outros acharam que a recomendação de J. F. Rutherford, em 1918, para comprarem ações (ou obrigações) de guerra era “covardia” e constituía uma perpetuação sacrílega do trabalho de colheita. Eles acharam que a Sociedade renegou a sua posição anterior no que diz respeito às Ações de Liberdade e ao serviço não-combatente. Os Intransigentes acharam que um cristão não devia apoiar, de nenhuma forma, os militares, comprando Ações de Liberdade, nem devia se envolver em serviço não-combatente. Em resposta a estas preocupações, a Associação dos Estudantes da Bíblia Intransigentes27 foi organizada em 1 de dezembro de 1918, em Portland, Oregon. Publicou Old Corn Gems e organizou convenções por todo o território dos Estados Unidos. Depois de uma convenção, em 25-27 de julho de 1919, em Seattle, ocorreram muitas divisões.
Curiosamente, os Intransigentes aceitaram o Volume VII dos Estudos das Escrituras. Esse foi um dos motivos principais para que ocorressem as divisões entre eles e os outros Estudantes da Bíblia. Em 1919, outra divisão. Desta vez, entre os próprios Intransigentes, devido ao Volume VII. A princípio, tiveram muito sucesso, especialmente atraindo adeptos que não aceitavam o que viam: comprometimento (ou envolvimento) da Sociedade Torre de Vigia com a guerra.
Acreditavam que tudo que a Sociedade Torre de Vigia ensinara até a Páscoa de 1918 estava correto, mas, depois dessa data, tinha começado a “separação entre Elias e Eliseu” — os Intransigentes eram a classe de Elias, que se manteve intransigente em defesa dos ensinos de Russell. É claro que todos os grupos dissidentes, pelo menos inicialmente, alegavam estar obedecendo aos desejos de Russell e, por essa razão, diziam ser seus verdadeiros seguidores, mas os Intransigentes não diziam ser os mensageiros legítimos da Organização de Deus, como fizeram alguns dos outros grupos. Os Intransigentes pensavam que líderes e organizações eram relativamente pouco importantes. Estavam organizados simplesmente para ajudar os outros a aprender os ensinos de Russell. A sua organização pouco rígida era, provavelmente, uma das principais razões pelas quais foram uns dos primeiros grupos a se desintegrar.
SOCIEDADE DA VOZ DE ELIAS (1923 até data incerta)
The Elijah Voice Society

Em 1923, John A. Herdersen, C. D. McCray e cerca de trezentas pessoas do grupo os Estudantes da Bíblia Intransigentes organizaram a Sociedade da Voz de Elias28 para efetuar um ambicioso reajuntamento e trabalho de testemunho. Durante vários anos, publicaram o Mensário da voz de Elias29 e numerosos tratados. Este grupo tornou-se o mais proeminente entre os vários que aceitaram o Volume VII dos Estudos das Escrituras.
Acreditavam que tinham sido “chamados para esmagar a Babilônia”, tal como os Intransigentes, mas eram ainda mais radicais — a tal ponto que se recusavam a saudar a bandeira e a comprar ações de guerra ou a contribuir para a Cruz Vermelha, muito antes de as testemunhas-de-jeová adotarem posições similares. Mais tarde, o grupo deixou de existir.

OS SERVOS DE YAH
(1925 até data incerta)
The Servants of Yah

Provavelmente, este é o mais estranho de todos os grupos de Estudantes da Bíblia. Com sede no Brooklyn, Nova York, e liderados por C. H. Zook, acreditavam que o nome de Satanás era Jeová, de modo que as testemunhas-de-jeová eram, na realidade, testemunhas de Satanás. Eles são universalistas e negam o Armagedom, o dilúvio, o batismo com água, o resgate, a restituição etc. Tinham filiais em Levittown, Nova York, e em Viena, Áustria. Suas doutrinas eram muito semelhantes às das testemunhas-de-jeová; com a diferença de que acreditavam que os 144.000 estavam destinados a descobrir o significado oculto das Escrituras e a entrar no céu. O significado é oculto, em parte, porque acreditavam que o texto da nossa Bíblia foi alterado. Eles vêem a Bíblia primariamente como profecia, referindo-se a maior parte dela ao século XX. Acreditam que todas as pessoas que já existiram viverão para sempre numa terra paradisíaca, exceto os 144.000, que viverão no céu. Este grupo também se desvaneceu e já não existe.

NOVA ASSOCIAÇÃO DE JERUSALÉM (1922 até 1992)
New Jerusalem Fellowship

Os acontecimentos de 1917, nos Estados Unidos, não chegaram prontamente ao conhecimento de alguns Estudantes da Bíblia que viviam em outros países. Assim, muitos Estudantes da Bíblia não sabiam o que se passava nos EUA. Por isso, demorou algum tempo até que tomassem conhecimento do fato e saíssem da Sociedade.
A Nova Associação de Jerusalém30 foi formada em 1922, deixando de existir no mesmo ano. Antes de sua extinção, no entanto, produziam um jornal mensal e numerosos livros e tratados.

PUBLICAÇÕES DOS VELHOS CAMINHOS (1925 até 1961)
Old Paths Publications

William Crawford era membro original do Corpo de Diretores da Sociedade Torre de Vigia da Inglaterra e fervoroso Estudante da Bíblia. Foi ele quem causou a primeira divisão entre os membros desse grupo, fundou o movimento Publicações dos Velhos Caminhos31 e produziu o jornal Velhos caminhos, de publicação mensal. Produziu, ainda, inúmeros folhetos, livros e tratados.

ASSOCIAÇÃO GOSHEN
(1951 até presente data)
Goshen Fellowship

O grupo foi formado por Jesse Hemery, proeminente estudante da Bíblia da Inglaterra, sendo desassociado do próprio movimento que criou por N. H. Knorr, em 1951. Embora aceitasse grande parte das interpretações de Russell, ele rejeitava a doutrina da “presença a partir de 1914”. Acreditando que o livro bíblico de Revelação teria um cumprimento futuro, escreveu alguns comentários acerca de Revelação e de outros livros de profecias, publicados por editoras que não pertenciam à Sociedade.

Jesse Hemery morreu em 1955, mas, antes, fundou a Associação Goshen, em 1951. Atualmente, esse grupo é liderado por Frank Brown, um homem que fez cem anos há pouco tempo. O movimento publica o jornal mensal Arauto de Sião32 desde 1965.

INSTITUTO DE PIRAMIDOLOGIA (1920 até presente data)
The Institute of Pyramidology

Adam Rutherford (que não era da família de Joseph) era um pira-midologista. Foi ele quem fundou o
grupo Instituto de Piramidologia. Adam era estudante da Bíblia e obteve a maior parte da sua inspiração a partir da grande pirâmide. Publicou um extenso conjunto de quatro volumes sobre a Pirâmide e os seus ensinos, junto com o jornal Mensário de Piramidologia33, que é editado até hoje. Escreveu muitos livros, folhetos e tratados.

SOCIEDADE DO ANJO DE JEOVÁ DE BÍBLIAS E TRATADOS (1917 até presente data)
The Angel of Jehovah Bible and Tract Society

Fundada por Alexander F. L. Freytag, gestor da filial da Sociedade Torre de Vigia na Suíça, ele discordava de algumas opiniões de Russell, mesmo enquanto este ainda era vivo. Foi designado por Russell, em 1898, como Gestor da Filial. Em 1917, porém, começou a publicar suas próprias opiniões usando as impressoras e papel da Sociedade. Foi expulso por Rutherford em 1919. Publicou um conjunto de quatro volumes sobre as escrituras, a maior parte em francês. Seus escritos foram traduzidos para os seguintes idiomas: inglês, espanhol, francês, alemão, italiano, português e holandês.
Publicou o seu próprio livro de hinos, para o qual escreveu e compôs toda a música, bem como o seu próprio livro de devoções. Também escreveu numerosos folhetos e tratados. Publicou dois jornais, o mensal Monitor do reino da justiça,34 e o semanal, Jornal para todos.35
O movimento tem filiais na Suíça, França, Alemanha, Bélgica e Itália. Seus membros vêem Freytag como “aquele escravo fiel e discreto”, mencionado em Mateus 24.45-47. O grupo também é conhecido como Assembleia Filantrópica dos Amigos do Homem36, Igreja do Reino de Deus e Assembleia Filantrópica37.

INSTITUTO BÍBLICO BEREANO
(1917 até presente data)
Berean Bible Institute

Este grupo de Estudantes da Bíblia separou-se oficialmente da Sociedade em 1918 e publicou o mensário A voz.38 Desde 1917, vem publicando o mensário Jornal do povo39, e também livros, folhetos e tratados.

ASSOCIAÇÃO DO NOVO PACTO (1909 até 1944)
New Covenant Fellowship

Em 1908/1909, E. C. Henninges, o Gestor da Filial australiana da Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia,40 junto com M. L. McPhail e membros dos Estudantes da Bíblia de Chicago, retiraram o seu apoio à Sociedade Torre de Vigia, causando a segunda maior divisão na história da Sociedade, só comparável à divisão de 1917.
Henninges produziu um jornal mensal intitulado O defensor do novo pacto e arauto do reino41 e numerosos livros, folhetos e tratados. Depois de sua morte, seu trabalho foi continuado durante alguns anos. O grupo e o periódico desapareceram em 1944. A maior parte dos Estudantes da Bíblia do Novo Pacto foi abandonada à sua própria sorte. Muitos não continuaram e dividiram-se, até que, finalmente, deixaram de existir como grupo. Mas os Estudantes Livres da Bíblia, como são chamados hoje, constituem o maior grupo de Estudantes da Bíblia na Austrália. Em anos recentes, tem havido um ressurgimento: os Estudantes Livres da Bíblia estão-se reunindo sob a nova liderança da Associação Cristã do Milênio.

OS CRENTES DO NOVO PACTO (1909 até presente data)
The New Covenant Believers

O ex-peregrino da Torre de Vigia, M. L. McPhail, supostamente o Estudante da Bíblia mais amado e seguidor de Russell, liderou os Estudantes da Bíblia do Novo Pacto nos EUA.
McPhail publicou alguns livros, independentemente. A maior parte desses livros fortemente baseada nos escritos de E. C. Henninges. Em 1908, lançaram o livro Escriba do reino42, que deixou de ser publicado em 1975. Em 1956, lançaram uma pequena folha informativa intitulada Notícias bereanas, que continua sendo publicada até hoje.
Atualmente, assina suas obras sob o nome Igreja Bereana dos Estudantes da Bíblia43.

ASSOCIAÇÃO POLACA DOS ESTUDANTES DA BÍBLIA
Polish Bible Students Association

Os Estudantes da Bíblia Polacos assumiram o controle sobre a sede original da Torre de Vigia na Polônia. Souberam, porém, da morte de Russel somente em 1925. Com as mudanças, preferiram permanecer com os ensinos de Russell. Alguns anos depois, a Sociedade registrou o nome Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia II. 4 Isso porque, haviam perdido a primeira, que ficara sob o controle dos Estudantes da Bíblia Polacos.
Todavia, a segunda associação também caiu sob o controle dos Estudantes da Bíblia Polacos, quando o gestor da filial se juntou aos Estudantes da Bíblia. Alguns anos mais tarde, a Sociedade tentou incorporar, sem sucesso, a Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia III.45
Então, os Estudantes da Bíblia Polacos começaram a publicar O vigia46. Isso aconteceu em 1921. Até 1919, existiam duas publicações com o nome Torre de vigia em língua polaca, uma produzida pela Sociedade e a outra pelos Estudantes da Bíblia Polacos de Chicago, Illinois. Mas Rutherford pôs termo a isso. Em 1930, começaram a publicar o mensário Aurora de uma nova era.47 Em 1958, publicaram o mensário Romper do dia48. Todos os anos eles realizam uma convenção que conta com a participação de cerca de dois mil estudantes da Bíblia.

A frustração dos filhos da Torre
Outros dissidentes exponenciais que poderíamos ainda mencionar seriam os grupos Companhia de Publicação dos Estudantes da Bíblia (1914), União da Associação da Bíblia (1917), Estudantes da Bíblia Associados (1917), Igreja do Portão da Floresta (1920) e Associação Alemã de Estudantes da Bíblia (1930), entre tantos outros que, igualmente, alcançaram notoriedade.
Desde a queda do comunismo, vem sendo descobertos outros Estudantes da Bíblia em certas partes da Europa. Na Romênia e em outras partes do ex-bloco comunista do leste foram encontrados Estudantes da Bíblia ainda intactos, mormente na Rússia. Também existem Estudantes da Bíblia no México, na Argentina, na Bélgica, na Suécia, na França, na Grécia, na África, na Índia, na China e no Japão.
Adicionado a esta razoável lista de dezenove facções jeovistas temos, ainda, o fato de que, em anos recentes, muitas testemunhas-de-jeová (betelitas, anciãos, servos, pioneiros etc.), vindas de todos os lados, continuam se juntando às inúmeras e diferentes Associações dos Estudantes da Bíblia.
Conseqüentemente, como ficou manifesto, a busca frustrante de uma organização visível por parte das testemunhas-de-jeová, ao longo de sua curta trajetória, tem apontado “muitas diferentes direções” gerando “confusão” entre eles ainda hoje.
A expressa diferença entre nós, os evangélicos, e as testemunhas-de-jeová é que nós fundamentamos a salvação apenas em Jesus: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). Por isso, podemos usufruir, sem restrições, da comunhão com os seguidores de Cristo. E isso num só corpo, num só Espírito, num só Senhor, numa só fé e num só batismo, preservando, dessa forma, a unidade dos pontos primários da fé bíblica e cristã (Ef 4.1-6). Por outro lado, os seguidores de Russell, Rutherford e companhia continuam perdidos, confusos e segregando-se uns aos outros.

Charles Taze Russell (1879-1916)
O fundador das testemunhas-de-jeová foi um jovem que não conseguiu compreender a teologia numa perspectiva de desenvolvimento histórico. Então, esta falta de entendimento o levou a achar que era o “sétimo mensageiro” (Ap 3.14) dado ao Corpo de Cristo, e também a acreditar que estava vivendo os “últimos dias” do domínio do homem sobre a terra. E, tomando como base muitas idéias teológicas à sua volta, incluindo um retorno “invisível” de Cristo (na época apregoado pelos Adventistas), Russell passou a negar as interpretações históricas das Escrituras, como a Trindade, o inferno (como um lugar de punição) e a existência da alma separada do corpo. Não encontrando muita simpatia pelos seus pontos de vista nas outras religiões, começou o seu próprio movimento: A Torre de Vigia, além de criar o periódico Arauto da presença de Cristo, que se tornou o porta-voz de suas doutrinas. O jornal foi impresso pela primeira vez em julho de 1879.

Joseph Franklin Rutherford (1916-1942)
Durante esse período, Russell ainda é o “sétimo mensageiro”, entretanto, ocorre uma divisão que o separa dos Estudantes da Bíblia, que continuam leais a Rutherford, período em que o nome do grupo de Russell foi alterado, por aquele, para Testemunhas de Jeová. Por sua vez, Rutherford começou a empenhar um processo político lento de erradicação de todos os traços da adoração de Russell. Em 1920, publicou o livro Milhões que agora vivem jamais morrerão (1923, em português), cujo conteúdo apregoava a ressurreição de todos os justos do Velho Testamento e o estabelecimento da nova ordem das coisas para 1925.

Os sete primeiros volumes publicados por Russell
Os seis primeiros volumes publicados por Russell foram originalmente intitulados Aurora do milênio (1886-1904). Contudo, posteriormente, passaram a ser chamados de Estudos nas Escrituras. O primeiro volume intitula-se O plano divino das idades. O segundo, O tempo está próximo — uma obra repleta de falsas profecias. O terceiro, O reino dele vem — uma justificativa para a ocorrência do Armagedom em 1914. O quatro, A batalha do Armagedom. O quinto, Numa mente entre Deus e o homem. O sexto, Nova criação. E, finalmente, o sétimo, O mistério consumado, responsável pela grande dissensão entre as testemunhas-de-jeová.
O mistério consumado é uma obra póstuma de Russell, publicada por Rutherford em 1917 e gerou grande oposição por parte de alguns que acreditavam que o texto havia sido escrito por Clayton J. Wood worth e George Fisher. O volume revelava muitas interpretações novas e contrárias às Escrituras.

Charles Taze Russell
Fundador da seita confessa ser devedor para com os adventistas entre outras igrejas: “Como que por acaso, certa noite visitei uma sala poeirenta e mau iluminada, onde eu ouvira dizer que se realizavam cultos religiosos, para ver se o punhado de pessoas que se reunia ali tinha algo mais sensato a oferecer do que as crenças das grandes religiões. Ali, pela primeira vez, ouvi algo sobre os conceitos dos adventistas [Igreja Cristã do Advento], sendo o Sr. Jonas Wendell o pregador... Assim, reconheço estar endividado com os adventistas e com outras denominações..., pois, embora o adventismo não me tenha ajudado em nenhuma verdade específica, ajudou-me grandemente a desaprender erros, e assim me preparou para a Verdade.” (Testemunhas de Jeová - Proclamadores do Reino de Deus, p. 43, pf. 5)

A Sentinela (15 de fevereiro de 1994)
Tentando responder ao título da capa dessa edição de A Sentinela as testemunhas-de-jeová formulam as seguintes perguntas: “...seria correto referir-se às Testemunhas de Jeová como grupo religioso pequeno e extremista? Os membros de seitas muitas vezes se isolam dos amigos, da família e até da sociedade em geral. Dá-se isso com as Testemunhas de Jeová? Empregam as Testemunhas técnicas enganosas e antiéticas no recrutamento de membros? Sabe-se que os líderes de seitas utilizam métodos manipuladores para controlar a mente de seus seguidores. Há qualquer evidência de que as Testemunhas de Jeová fazem isso? É sua adoração revestida de mistério? Seguem e veneram elas um líder humano? Afinal, são as Testemunhas de Jeová uma seita?”.
O leitor de Defesa da Fé já sabe perfeitamente o que responder a esse grupo sectário.

J. F. Rutherford
O sucessor tido como líder autoritário e enérgico demite, em 1917, quatro diretores da organização que encabeçam novos grupos de estudos: “Depois da reunião de 1918, os opositores se separaram... Qualquer união que porventura tinham durou pouco, e logo se dividiram em várias seitas” (Testemunhas de Jeová - Proclamadores do Reino de Deus, p. 68, pf. 4).


Notas:

1 Organização Teocrática: relativo a um sistema geral de governo regido por Deus.
2 Apostasia: 1. Abandono público de um grupo religioso, de uma doutrina ou opinião. 2. Abandono do grupo ao qual se pertencia.
3 Joio: 1. Planta, anual, gramínea, que infesta as searas. 2. Semente dessa planta. 3. Coisa má que, misturada com as boas, as prejudica e deprecia. Segundo interpretação bíblica de Mateus 13.24-30, a parábola do joio e do trigo salienta o fato de que há uma semeadura da má semente de Satanás paralela à Palavra de Deus.
4 Colheita: Alusão ao apelo de Jesus: “A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros” (Mt 9.37). O apelo é norteado pela necessidade urgente da pregação do evangelho.
5 Dawn Bible Students Association.
6 Pastoral Bible Institute.
7 The Bible Standard and Herald of Christ’s Kingdom.
8 The Laymen’s Home Missionary Movement - um dos nomes não registrados como empresa usados por Russell.
9 The Present Truth and Herald of the Christ’s Kingdom.
10 The Herald of the Epiphany que, mais tarde, teve seu nome mudado para The Bible Standard and Herald of Christ’s Epiphany.
11 Ortodoxamente, o sentido da palavra original é estar “literalmente e visivelmente presente”. O livro O vocabulário do Testamento grego — ilustrado do papiro e de outras fontes não literárias —nos clareia a visão acerca desta palavra na página 497: “O que, portanto, nos concerne mais especificamente em conexão com o uso do NT de parousia é a força quase técnica da palavra dos tempos de Ptolomeu adiante para denotar a visita de um rei, imperador, ou outra pessoa de autoridade...”. O artigo continua dando ilustrações de tais visitas na literatura grega. Em tal papiro estava a descrição da visita real da rainha Cleópatra e do rei Ptolomeu a Memphis no seu reinado do Egito. Esta ocasião foi denominada parousia - uma visita presencial em carne e osso de pessoas com autoridade real. A própria Bíblia contém outros exemplos claros da palavra Parousia (V. 2Co 10.10, 1Co 16.17, 2Co 7.6,7 e Fl 1.26 e 2.12). Em todas as ocasiões apresentadas, a palavra foi usada para apresentar uma presença física das pessoas citadas, bem como a presença (também física) de Paulo nas igrejas. Contudo, erroneamente, as testemunhas-de-jeová interpretam a Parousia como “presença invisível”.
12 Epiphaneia: palavra grega que significa “manifestação” (V. 1Tm 6.14 – aparição; 4.8 – vida presente; Tt 2.13 – aparecimento).
13 Ephiphany Studies in the Scriptures.
14 Ephipany Bible Students Association.
15 Laodicean Home Missionary Movement.
16 Apokalypsis Studies in the Scriptures.
17 The Present Truth of the Apokalypsis.
18 Studies in the Scriptures: The Finished Mystery.
19 The Herald of Christ’s Kingdom.
20 The Bible Students Radio Echoes.
21 Frank and Earnest Radio Broadcast.
22 The Dawn and Herald of Christ Presence.
23 Italian Bible Students Association.
24 Millennial Bible Students Church.
25 New Creation — a Herald of Christ’s Kingdom.
26 New Covenant Bible Students.
27 Stand Fast Bible Students Association.
28 Elijah Voice Society.
29 Elijah Voice Monthly.
30 New Jerusalem Fellowship.
31 Old Paths Publications.
32 Zion’s Herald.
33 Pyramidology Monthly.
34 The Monitor of the Reign of Justice.
35 Paper For All.
36 Philanthropic Assembly of the Friends of Man.
37 The Church of the Kingdom of God, Philanthropic Assembly.
38 The Voice.
39 People’s Paper.
40 IBSA - International Bible Students Association.
41 The New Covenant Advocate and Kingdom Herald.
42 The Kingdom Scribe.
43 Berean Bible Students Church.
44 The International Bible Students Association II.
45 The International Bible Students Association III.
46 The Watchman.
47 Dawn of a New Age.
48 DayBreak.

Fonte: Revista Defesa da Fé (Apologética)

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